Roberto Keller Naddeo é formado em Engenharia Mecatrônica, mas hoje trabalha com produtos, canais e marketing digitais

“Tive essa felicidade de conseguir entrar. É aquele momento, aquela festa com os amigos, e a felicidade exibindo a camiseta do centro acadêmico, até que as aulas começassem.” Assim foram os primeiros momentos de Roberto Keller Naddeo depois de sua aprovação na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli).

“Eu lembro que no primeiro dia de aula percebi que ia ter aula de matemática e cálculo. Para mim, foi ali que começou a cair a ficha, porque acho que até você entrar, você está meio que sonhando”, diz. Para ele, entrar em uma das melhores universidades de engenharia do país era um sonho, mas depois que começou realmente a viver a vida na Poli, aconteceu a divisão entre esse sonho e a realidade.

Keller conta que foi natural buscar a engenharia como formação profissional, pois tinha facilidade em matemática e física no ensino médio. Optar pela engenharia mecatrônica foi uma forma de continuar essa aptidão. Quando escolheu o curso, porém, conhecia muito pouco sobre o que se tratava e acabou sendo movido por uma “paixão por uma coisa meio idealizada, uma coisa futurista”, como montar e construir robôs. Diferentemente da visão romantizada do curso, acabou descobrindo na prática o que era cursar Engenharia Mecatrônica. Entrar na Poli foi um choque de realidade.

Roberto Keller Naddeo. [Imagem: Reprodução/ Linkedin]

Foi quando começou a tirar as primeiras notas baixas de sua vida, já que era um dos melhores alunos na escola. Também foi a época em que aprendeu a gerenciar o tempo, priorizar aulas – para poder estudar para a próxima prova – e correr atrás de conceitos nunca antes vistos. Ele relata que esses fatores, que marcaram sua passagem pela Escola, foram um aprendizado para a vida toda. 

“Um dos maiores valores da Poli é fazer de você uma pessoa capaz de resolver problemas, capaz de se virar independente dos conhecimentos técnicos que você aprende. É um grande valor, na formação de pessoas, capacitá-las para resolver problemas complexos.”

Assim que se formou em 1997, foi trabalhar em uma empresa de automação, correspondente à sua área de formação. Logo em seguida, acabou migrando para a área de negócios, consultoria e tecnologia, o que não teria sido possível sem sua passagem pela Escola, que o equipou suficientemente bem para adentrar essa área.

Mas o mais interessante ainda estaria por vir. Numa época entre empregos, Keller pôde se dedicar a algo que sempre foi de seu interesse: escrever histórias infantis. Nesse meio tempo, criou uma plataforma digital para esses livros, chamada EUnoLIVRO, onde uma história personalizada é criada para cada criança. 

Página inicial do “Eu no Livro”; atualmente o projeto está em pausa. [Imagem: Reprodução/EunoLIVRO]

“A criança confunde a realidade com a ficção e a ideia é que essa confusão funcione para o bem, porque ajuda a criança assimilar melhor os conceitos que a gente passa no livro, um conceito de superação de problemas, de medos”, explica.

Tanto sua trajetória inicial de carreira como a aventura de escrever histórias infantis foram possibilitadas pelo fato de ser politécnico. Sua passagem pela Escola deu a ele um conhecimento técnico profundo e uma visão sistêmica de solução de problemas.  

“A Poli me ajudou a conseguir fazer tudo sozinho, então eu que escrevi as histórias, eu que criei e desenvolvi o site, fui atrás de fornecedor e gráfica, entre outros. É uma coisa que não tem muito limite, porque você consegue fazer. Então, é uma coisa que me deu muita gratidão, muita satisfação pessoal. Um projeto do qual me orgulho muito.”

Todo esse aprendizado, porém, não ficou só para ele. Desde o ano passado, atua como mentor do Poli Retribua, e é coordenador de uma das cadeiras. Sua história como mentor começou quando um amigo seu da época da Universidade o contatou e o convidou – por conta de um post que ele tinha feito no Linkedin – para participar do projeto. 

“Aceitei com muita felicidade, é uma coisa que eu faço hoje com muito prazer. Acho que todos nós que tivemos a felicidade de poder estudar na Poli temos muito a retribuir”. Ele conta que é o mínimo que pode fazer para tentar retribuir um pouco para essas pessoas que não tiveram a mesma facilidade que ele teve, de poder estudar e não trabalhar, e de ter uma família que foi capaz de sustentá-lo durante o curso.

As pessoas atendidas pela Poli Retribua não têm as mesmas condições que ele teve, além de enfrentarem uma maior dificuldade para entrarem e se manterem durante o curso, que por si só é um desafio. “No fundo, pra gente é tão pouco, mas para eles é muito”, diz. 

“Acho que quando você mostra que você também passou pelas mesmas dificuldades que eles e que sobreviveu, e hoje tem uma carreira, passa a certeza de que eles não são piores que ninguém. Esse é o grande valor do Poli Retribua.”

Quando perguntado se viveria tudo de novo, nem hesitou em falar que sim: “Com certeza eu reviveria meus anos na Poli. Foi um período muito importante na minha vida, as amizades que a gente cria, o crescimento que a gente tem como ser humano, como pessoa e cidadão. Acho que expande a sua mente, expande os domínios que você tem sobre o mundo.”

Conheça também a história de Ricardo Barbosa no link: https://politecnicos.org.br/eu-devo-a-minha-vida-profissional-a-poli/

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