Dia da Poli – 2021

A Escola Politécnica completou 128 anos em 2021. Mais antiga do que a própria USP, a Poli mantém uma tradição de liderança e inovação, aberta às mais diversas parcerias e disposta a trabalhar pela sociedade, como ficou claro na celebração do ‘Dia da Poli’, organizado pela direção da Escola, junto com a AEP – Associação dos Engenheiros Politécnicos.

A abertura do evento contou com a participação da Prof.ª Dr.ª Liedi Bernucci, diretora da Poli, e do vice-diretor, Prof. Dr. Reinaldo Giudici. Ambos destacaram os desafios vividos desde o início da quarentena, quando os alunos ficaram uma semana sem aula, até a adaptação para o modelo online.

Liedi Bernucci falou sobre a rápida adaptação, com a ajuda da AEP, que liderou uma campanha de arrecadação de computadores aos estudantes sem recursos para adquirir o equipamento, e do Pece, que garantiu internet aos estudantes. Segundo Liedi, “a Escola nunca parou, mas o desafio agora é retomar o conteúdo presencial”.

De acordo com Reinaldo Giudici, a atual gestão sempre incentivou os grupos de pesquisa multidisciplinares. Esse preparo prévio foi fundamental no início da pandemia. Para o vice-diretor, “engenharia e medicina é uma combinação que dá uma plataforma muito interessante” e além do desenvolvimento do respirador artificial Inspire, que teve apoio e participação da AEP, a Escola pode contribuir com o desenvolvimento de vários projetos voltados para o combate à pandemia.

Outra preocupação acadêmica da diretoria é a inclusão dos estudantes. Neste ano metade dos alunos são cotistas e para a diretora, que também veio de uma escola pública, a inclusão é feita desde o projeto ‘estou na Poli’, que oferece reforço em matemática e física para todos que precisarem, até as bolsas de auxílio oferecidas pelo projeto Poli Retribua, da AEP. Liedi afirma que “sem diversidade a gente não tem a riqueza de todas as ideias”, portanto a inclusão é uma prioridade.

O fomento ao empreendedorismo ainda na graduação também é uma frente de trabalho da atual diretoria. Atualmente, dos dez unicórnios brasileiros – startups avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares – três tiveram origem na Poli e o professor Reinaldo afirma que a nova disciplina, empreendedorismo e inovação, reforça essa tendência, transformando produtos da universidade em produtos para o mercado e indústria.

Investir no empreendedorismo faz com que a Poli fique alinhada com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, de acordo com a fala da Secretária, Patricia Ellen. Para ela a Escola Politécnica forma excelentes engenheiros e engenheiras, mas também empreendedores que se destacam em várias áreas, o que resulta em geração de emprego e renda para toda a sociedade.

Encerrando o bloco de abertura, o evento contou com a participação do Prof. Dr. Vahan Agopyan, politécnico e reitor da USP. Profundo conhecedor da Escola em que se formou e da qual já foi diretor, Vahan lembrou que desde a fundação, em 1893, a Poli esteve presente de forma atuante em todos os eventos importantes do país, ressaltando que na pandemia não foi diferente. Em pouco tempo a Escola contribuiu com projetos fundamentais para a superação da crise.

 

O ALUNO POLITÉCNICO
Na sequência o evento teve a participação dos estudantes da Poli, com representantes de centros acadêmicos, atividades extracurriculares, grupos de extensão e atividades desenvolvidas pelos estudantes da Escola Politécnica nas mais diversas áreas de atuação.

Devido à grande quantidade de grupos, a apresentação foi feita através da exibição de vídeos. Cabe ressaltar que neste ano o Grêmio e quase todos os centros acadêmicos são dirigidos por alunas. A quantidade de mulheres que cursam engenharia vem aumentando e já existem grupos voltados especificamente para elas. Na AEP, o Clube Minerva nasceu em 2020, uma iniciativa voltada a promover a equidade de gêneros nas carreiras STEM.

 

O QUE A POLI TEM FEITO DE BOM
A Escola Politécnica tem inúmeros projetos em andamento, realizados por alunos de graduação e pós-graduação, com a orientação dos docentes. Nesta parte do evento a professora Liedi Bernucci destacou alguns, que sintetizam um pouco da qualidade dos trabalhos realizados na Poli.

A diretora chamou a atenção para as três Embrapii – Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial – da Poli. São parcerias com empresas que apoiam o desenvolvimento de projetos com soluções tecnológicas inovadoras. Atualmente a Escola tem uma voltada para materiais eco eficientes para a construção civil, a química verde e a power train, para a indústria automobilística.

Liedi também destacou o Chip Sampa, uma parceria entre a Poli, Instituto de Física e Fapesp, que já resultou em 88 mil chips, da concepção à produção, que foram enviados ao CERN, o maior acelerador de partículas do mundo, localizado na Suíça.

Depois dos projetos técnicos apresentados pela diretora, o evento teve a apresentação do projeto Poli Retribua, desenvolvido pela AEP, que começou arrecadando fundos para financiar bolsas de estudo aos alunos. Hoje, além das bolsas o projeto também oferece mentoria e ajuda os estudantes a se estabelecerem no mercado de trabalho. Neste ano são 81 bolsas, 130 mentorias e mais de 200 voluntários envolvidos.

A engª Adriana Kazan apresentou o Clube Minerva, que tem a missão de incentivar o interesse para formação de mulheres em carreiras STEM, além da defesa da criação de condições que viabilizam a igualdade de gêneros nos ambientes profissionais. O Clube já organizou várias palestras e eventos online, mobilizando e inspirando mulheres.

Encerrando o bloco, os Amigos da Poli falaram sobre a gestão do endowment, um fundo patrimonial gerado pelas doações de ex-alunos e empresas, que hoje é o maior fundo ligado a uma universidade no Brasil. Os rendimentos do valor arrecadado são investidos em diversos projetos dentro da Escola Politécnica.

 

O ORGULHO DE SER POLITÉCNICO
A Escola Politécnica é mais que um local para a formação de engenheiros. Os profissionais criam um vínculo para toda a vida a partir das experiências vividas na graduação. Este vínculo pode ser notado através das atividades desenvolvidas por ex-alunos voltadas para apoiar a Poli.

Uma delas, fundada em 1935, é a AEP – Associação dos Engenheiros Politécnicos. O atual diretor, eng. Dario Gramorelli, falou sobre a capacidade da Associação de mobilizar os engenheiros, como no projeto Poli Retribua e Clube Minerva. A AEP também realiza encontros, enfatizando o networking e atuando como um catalisador, que facilita processos e fortalece os vínculos profissionais.

Os Amigos da Poli, apresentados pelo eng. Tiago Ziruolo, foram fundados em 2012. Apesar de recentes, são o mais antigo fundo patrimonial ligados a uma universidade no Brasil. O desafio é estabelecer na Poli a cultura de doação por parte de ex-alunos, que já é forte em universidades de outros países.

Mesmo sendo duas entidades distintas, mantidas pela colaboração de ex-alunos, os representantes destacam que são todos politécnicos, voltados para o objetivo de apoiar e dar todo o suporte para atividades da Escola Politécnica. Desde o intermédio com grandes empresas até o apoio ao desenvolvimento de projetos estudantis, o que prevalece é a união e o orgulho de ser politécnico.

 

A POLI QUE EU VIVO
As atividades da Escola Politécnica não pararam durante a pandemia. A politécnica Carolina Esposito conversou com Beatriz Bicudo, presidente do Grêmio Politécnico, e com Bianca Okada, presidente da Atlética, sobre como foram os desafios desse período.

O período foi marcado pela insegurança em relação à duração da quarentena, além de adaptação de algumas atividades para o modelo online. Beatriz Bicudo destaca que em meio às dificuldades de adaptação, houve um resultado positivo de ampliar o alcance dos eventos online, que podem ser acompanhados por estudantes que não conseguiriam viajar para um evento presencial.

Na Atlética, Bianca Okada afirma que as competições foram canceladas, mas todos tentaram manter o preparo para o retorno. Atualmente a transição do modelo online para a volta presencial tem sido pensada com muito cuidado. Existe grande preocupação com a segurança de toda a comunidade e tanto a Atlética quanto o Grêmio reforçam que o retorno não será imediato.

Ambas as presidentes falaram sobre a importância da presença feminina em cargos de liderança desde a graduação. Beatriz lembrou que além da presidência, as mulheres também ocupam outros cargos de destaque na gestão, o que é fundamental para a representação e para as mulheres do futuro.

Já Bianca disse que ao frequentarem um ambiente ainda muito masculino, as mulheres podem ficar intimidadas e com receio de não serem ouvidas ou levadas a sério. Com mulheres em cargos de liderança esse cenário começa a mudar e as estudantes ganham confiança para lidar com o cotidiano da graduação.

Os professores foram representados pela Prof.ª Dr.ª Carina Ulsen, que mostrou um pouco do Departamento de Engenharia de Minas e Petróleo. O destaque da professora foi para o laboratório multiusuário, que além da Poli serve a outras unidades da USP e segue uma tendência de contemplar ensino, pesquisa e extensão.

Com a preocupação ambiental e o caráter multidisciplinar, o laboratório já foi notícia em jornais como o Estado de São Paulo, que destacou a abertura da Universidade às empresas, em projetos voltados para a sociedade.

 

O POLITÉCNICO FORA DA POLI
A Poli é reconhecida como uma das principais escolas de engenharia do mundo. Os engenheiros politécnicos lideram projetos de engenharia com excelência e são profissionais de renome no mercado. Mas a formação oferecida pela Poli ultrapassa os limites da engenharia.

Nesta parte da celebração pelo Dia da Poli vimos um pouco da versatilidade dos politécnicos, capacitados para atuar em várias áreas do conhecimento, como é o caso do eng. Enio Ribeiro, formado em engenharia civil, que atua na área de esportes e entretenimento.

Enio afirma que “o pensamento lógico que aprendi na Escola me ajudou muito o tempo todo”. Foi com esse pensamento que o engenheiro, praticante de esportes desde a graduação, atuou na área comercial e no departamento comercial ligado a esportes. Hoje atua buscando patrocínio para eventos esportivos e para entretenimento, como o Cirque du Soleil e a São Paulo Oktober Fest.

Outro ramo de atuação frequente entre os politécnicos é a vida pública, a exemplo de Guilherme Campos Jr., também formado em engenharia civil. Para ele, “a Poli te prepara para o impossível”, e foi com esse preparo que ele entrou para a vida pública. Ainda que esse caminho não tenha sido planejado, hoje Guilherme Campos tem uma sólida carreira, já foi vice-prefeito de Campinas, deputado federal por duas vezes e fundador do PSD.

Guilherme afirma que a vida pública tem espaço para politécnicos, que com a formação recebida pela Poli, podem atuar de maneira íntegra e superar a má fama que a vida pública costuma ter na sociedade.

Uma tendência mais recente e bastante incentivada pela própria gestão da Escola é o empreendedorismo e investimento em novas tecnologias, como as startups. Mesmo sendo uma área mais nova, a Poli já revelou talentos de peso no mercado, mostrando que o pioneirismo da Escola segue em vigor.

Recebemos no evento o politécnico André Bain, cofundador da Flowsense e atual presidente da DigitalReef. André começou a empreender nos laboratórios da Poli, ainda durante a graduação, e seguiu atuando dentro do prédio de engenharia de produção. Para ele o empreendedorismo é uma forma de trazer algo novo para o país e melhorar a economia. Com a formação da Poli o engenheiro garante que isso seja possível.

Outro representante das startups foi o politécnico Mario Fernandes, fundador e CEO da Mobly. Ele sempre teve vontade de empreender, mas em uma época em que os caminhos ainda não estavam totalmente trilhados. Para seguir seu sonho, Mario foi para os Estados Unidos e pode aprender algumas técnicas no berço do empreendedorismo. Ao voltar para o Brasil conseguiu aliar os conhecimentos sobre startups com a capacidade analítica da Poli, que sempre instiga os politécnicos a tomarem decisões corretas.

E também tivemos a presença do politécnico André Wetter, cofundador da A55. Filho da professora Liedi Bernucci, André sempre foi estimulado a empreender, ainda que a decisão de ser empreendedor não tenha sido tão clara desde o início. Ele afirma que hoje existem mais ferramentas disponíveis ao empreendedor. Se por um lado a concorrência está mais forte do que há dez anos, por outro existem linhas de crédito e a própria estrutura tecnológica facilita muito o processo, portanto é um caminho que vale muito a pena.

 

O FUTURO DA POLI
Para encerrar o evento contamos com a palavra da diretoria da Escola Politécnica. A diretora Liedi Bernucci afirmou torcer para o sucesso dos alunos, pois isso é o sucesso da Poli. Segundo ela, o futuro da Poli está aberto, pois existem muitas alternativas aos politécnicos. A multidisciplinaridade é a chave para o futuro e a Escola oferece essa formação, o passo seguinte é trabalhar com ética, com respeito ao meio ambiente e fiel à formação recebida.

O professor Reinaldo Giudici encerrou o evento enfatizando o carinho e o orgulho que os politécnicos sentem em relação à Poli, o que explica a tradição de excelência que a Escola mantém há tanto tempo. Agradeceu também ao apoio da AEP e dos Amigos da Poli, trabalhando em conjunto pelo desenvolvimento da Escola e dos profissionais formados.

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