O desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida trouxe à tona problemas conhecidos, apesar de silenciados, como é o déficit habitacional e o descaso com a moradia popular e o patrimônio público. Alex Abiko, professor da Poli e coordenador do Grupo de Ensino e Pesquisa “Engenharia e Planejamento Urbano”, espera que a tragédia traga lições e inspire ações que resolvam ou ao menos minimizem o problema da habitação na área central da cidade.
Abiko reconhece a importância de se prestar assistência às famílias atingidas, mas lembra a urgência de se pensar soluções para o problema da moradia. O professor reforça a necessidade de o poder público assumir como responsabilidade uma política habitacional para o centro de São Paulo. Ele lembra que, geralmente, as habitações sociais são construídas em regiões periféricas, onde os terrenos são mais baratos. Mas o problema, nesses casos, é apenas parcialmente resolvido. Sendo prédios mal localizados, impactam outras áreas, como o sistema de mobilidade urbana.
Uma das soluções apresentadas pelo professor é a recuperação de edifícios. Abiko aponta duas justificativas para o imobilismo do poder público nesse sentido: uma financeira e outra tecnológica. É caro reformar prédios inteiros e construções antigas costumam ter problemas que são encontrados já durante o processo de reconstrução. O professor conclui dizendo ser necessário aprender com os casos de sucesso e, por isso, apresenta exemplos de recuperação de construções no centro de São Paulo, como o Edifício Riachuelo e o Casarão do Carmo, transformados em habitação social.
Confira o áudio da entrevista:
Fonte: Jornal da USP