Primeira fase do projeto para digitalizar Acervo Histórico da Poli custou R$ 1,5 milhão e conta com quase 77 mil documentos emitidos entre 1893 a 1934
Quando a Revolução de 1932 ganhou força, era na Escola Politécnica, uma das mais respeitadas instituições da Engenharia do País, que as tropas da capital e do interior de São Paulo se abasteciam com munição e granadas de mão construídas ali. Foi desenvolvido, ainda, um modelo de lança-chamas. E alunos chegaram até a fazer parte do movimento.
Dez anos antes, “camizolões de panno azul” (aventais) para os guardas e serventes da instituição eram encomendados na Penitenciária do Estado. E, em 1897, a Escola agradecia ao “cidadão Dr. José Ayrosa Galvão, engenheiro chefe da Estrada Paulista”, pela amostra de meteorito que havia oferecido ao Gabinete de Mineralogia e Geologia.
Essas passagens curiosas são uma pequena amostra do material precioso que abriga o Acervo Histórico da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). O site foi apresentado na última reunião da Congregação da Escola pelo professor José Roberto Castilho Piqueira, idealizador e coordenador geral do projeto, que se iniciou quando este dirigia a instituição, entre 2014 e 2018.
Emitidos entre 1893 (data de fundação da Escola Politécnica) e 1934 (ano em que a instituição foi incorporada à USP), cerca de 90 mil documentos foram digitalizados na primeira fase do projeto, numa parceria da Poli com a Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE). O investimento para concretizar a etapa inicial foi de R$ 1,5 milhão, com captação por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). Os patrocinadores foram Ultra, Comgas, Itaú, Scopus, Racional e AWS.
Além de relatar a rotina administrativa, financeira e acadêmica da Escola Politécnica, os livros e documentos avulsos, muitos manuscritos à pena, possibilitam conhecer a história e o cotidiano de toda uma época.
Digitalização
No Projeto de Digitalização do Arquivo Histórico da Poli, os documentos foram cadastrados segundo as regras do Arquivo Geral da USP (AGUSP) e da Norma Brasileira de Descrição Arquivística (NOBRADE). Depois de higienizado, o material desses primeiros 40 anos foi armazenado e catalogado em novos suportes de polionda (caixas plásticas), e estão acomodados no prédio do Biênio, na Cidade Universitária.
Os documentos haviam sido organizados pela última vez há cerca de 20 anos em um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Atualmente, para ter acesso a eles e poder manuseá-los, o pesquisador deve elaborar um pedido de autorização à Diretoria, explicando os motivos da pesquisa.
Com a digitalização dos arquivos, todo o processo será encurtado.
Digitando palavras-chave, será possível acessar os documentos avulsos e encadernados, como atas de reuniões da Congregação, recibos de compras feitas por laboratórios e departamentos, fotografias de alunos e instalações, projetos e plantas arquitetônicas desenvolvidas por professores, entre outros materiais administrativos e financeiros.
Para garantir a facilidade na busca, foi escolhida a plataforma ICA-AtoM, que também é utilizada por outras universidades e instituições ao redor do mundo. Todos os arquivos foram reproduzidos em alta resolução e podem ser baixados em PDF. Alguns, especialmente os documentos pessoais, ainda vão depender de autorização para serem consultados.