Engajamento de alunos, professores, funcionários resultou em confraternização com a participação do reitor da USP ao politécnico da turma de 1943
A Escola Politécnica da Universidade de São Paulo completou 125 anos de história na última sexta-feira, dia 24 de agosto. Para celebrar a data, um grupo de ex-alunos organizou, junto à atual diretoria e administração da Escola, um encontro aberto aos engenheiros formados na instituição, amigos e familiares. Ao longo do sábado, dia 25 de agosto, a Escola abriu suas portas para a visita de politécnicos e politécnicas de diversas gerações, que visitaram laboratórios, conversaram com os alunos, professores e funcionários, em uma programação projetada para valorizar o material humano da famosa e tradicional instituição de engenharia. “A Escola Politécnica é composta de gente, não somos só máquinas e laboratórios. O evento foi projetado para ser um encontro e confraternização, em um formato para propiciar que mais pessoas conhecessem a Escola”, explicou o engenheiro politécnico Dario Gramorelli, um dos organizadores.
Como uma boa festa, houve também música e comida. Os convidados assistiram à apresentação da bateria da Associação Atlética Acadêmica Politécnica, e do grupo de canto Acappolli, que utiliza as vozes dos integrantes para compor os arranjos musicais, no estilo conhecido como acappella. A alimentação ficou por conta de food trucks, que serviram opções variadas de doces e salgados. A confraternização foi realizada em frente ao prédio do Biênio, onde os futuros engenheiros politécnicos cursam as matérias básicas ao longo dos primeiros dois anos de curso.
A professora Liedi Légi Bariani Bernucci, primeira mulher a dirigir a Escola, realizou a abertura do evento demonstrando toda a satisfação de estar desempenhando este papel não apenas pelos 125 anos da Escola, mas também pela celebração que unia a todas as gerações. Em seguida, o reitor da Universidade, professor Vahan Agopyan, ressaltou em suas palavras a felicidade de ver um evento como este, e a importância de integrar os engenheiros formados em diversos momentos do País, sem deixar de destacar a qualidade da formação dos engenheiros da Poli, e sua importância para enfrentar os diversos desafios tecnológicos brasileiros, no passado e no presente, cumprindo com o objetivo da criação da Escola.
Sobre os resultados do evento, Vahan destacou o aspecto humano. “É muito gostoso rever colegas contemporâneos depois de um longo tempo, e é muito importante para nós que estudamos na Escola saber o que está sendo feito hoje, como está se desenvolvendo e quais são suas perspectivas, quais são os seus objetivos”. O reitor acredita que, com mais entidades atuantes dentro da Escola, os alunos diversificaram suas atividades e os ex-alunos começaram a se aproximar mais da Escola, e isso é muito bom, conclui, citando a Associação dos Engenheiros Politécnicos e o Fundo Patrimonial Amigos da Poli.
O evento recebeu mais de 300 pessoas na Cidade Universitária, mesmo com o sábado cinzento do inverno paulistano. O clima cordial e descontraído, quase familiar, foi a tônica do encontro, para Dario Gramorelli.
A engenheira eletricista Irene Rzezak se formou em 1990, e hoje atua na coordenação do projeto de digitalização do acervo histórico da Poli, por meio da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE). Além de se surpreender com a bateria da Atlética da Poli, que não existia na época da sua graduação, ela gostou muito de reencontrar seus professores, Edith Ranzini e João Antônio Zuffo. “Foi muito bom rever a Poli, achei os prédios muito bonitos e com ótimo astral”.
Irene também reencontrou um colega, Eduardo Capocchi, que faz parte da terceira geração de politécnicos de sua família. “Ele mencionou que o avô dele fez Poli, e trabalhava com explosivos durante a Revolução de 1932. Imediatamente localizei os documentos do avô dele no site”, conta a engenheira. O arquivo histórico pode ser acessado aqui.
Ademar de Azevedo Cardoso, formado na Poli em 1991, aproveitou o evento para reencontrar cerca de 12 colegas de turma. Uma engenheira politécnica de sua turma mora na França e estava no Brasil, e esta seria uma maneira bacana de iniciar o sábado de reunião. O engenheiro naval ficou tão admirado com o Tanque de Provas Numérico, hoje laboratório de referência internacional, que assistiu as apresentações dos simuladores por duas vezes. Ademar, que fez sua graduação, mestrado e doutorado na Escola, e nela passou 13 anos, gostou de ver as diversas gerações que passaram pela mesma Escola interagindo, e de rever seu professor, Kazuo Nishimoto.
Uma cena interessante e por muitos ressaltada era a interação dos jovens alunos, nascidos em média entre 1995 e 2000, com o engenheiro Fernando Guilherme Martins, de 1923. O nonagenário formou-se em Engenharia Civil, em 1946, quando a Escola Politécnica ainda funcionava na edificação Solar do Marquês de Três Rios, sua primeira instalação, na Avenida Tiradentes. O politécnico conta que criou sete filhos, participou da construção da Via Anchieta, atuou como engenheiro fiscal e abriu um escritório de engenharia. Aposentou no departamento de obras públicas do Estado de São Paulo, em 1982. Ele contou, também, que fiscalizou a instalação das redes elétricas do prédio do Colégio Cesário Bastos, onde hoje funciona a Poli na cidade de Santos.
O técnico em informática Cleber Torquato, que trabalha na Poli desde 2008, ajudou a receber os visitantes na Caverna Digital, núcleo do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) voltado à realidade virtual. “Achei muito gratificante presenciar o reencontro de ex-alunos e ex-professores com a Poli, muitos deles trazendo seus filhos e netos, para juntos poderem relembrar os velhos tempos, enquanto também aprendem sobre todas as novidades e evoluções tecnológicas atuais aplicadas aos laboratórios de pesquisas da Poli”.
O técnico em audiovisual Laércio Ferreira trabalha na Poli há 16 anos, e achou muito interessante participar deste momento de festa na Escola. O que mais chamou sua atenção foi observar como os ex-alunos, formados há muitos anos, ainda mantém uma identificação e paixão com a Escola. “Faz tanto tempo que saíram da Politécnica, mas o carinho pelo lugar onde se formaram é vivo e perceptível. Isso me fez refletir: ‘como construir um ambiente onde seja prazeroso conviver a curto, médio e longo prazo?’. O ambiente que esses ex-alunos construíram foi tão bom que lhes permitiu preservar e compartilhar com os demais um apego, um amor por este lugar. O que nos resta, portanto, é tentar fazer o mesmo, para que futuramente tenhamos o mesmo prazer que outrora estes tiveram, em saber que fizeram e ainda fazem parte da história deste tão significativo espaço”.
A Escola Politécnica foi fundada em 1893, e alguns dos seus funcionários de hoje trabalharam também nas comemorações dos 100 anos, em 1993. Atualmente assessora da diretoria, Enaége Dalan Sant’Ana veio para a Poli neste ano, atuar especificamente neste evento. Nos últimos 25 anos, participou das celebrações dos 110, 115, 120 e agora dos 125 anos. “Em todas as comemorações fizemos coisas muito legais, mas essa foi a primeira vez que vi a comunidade unida para celebrar. Foi uma experiência incrível ver pessoas de diferentes gerações encontrando e relembrando seus tempos de Poli.
Foi incrível, também, ver a presença das famílias, curtindo com seus pais e avós, ouvindo histórias e dando muita risada”, relata Enaége. “Vi lindas homenagens a antigos professores, como o Prof. Kokei Uehara, e ao Engenheiro Fernando Martins, que entrou na Poli em 1940. No final da festa, vi esse engenheiro cercado de alunos com não mais de 20 anos, ouvindo suas histórias com interesse e alegria. Ou seja, essa comemoração me ensinou uma grande lição. Qualquer evento, por mais bem organizado que seja, precisa do engajamento das pessoas. São elas que o tornam um sucesso. Acho que nesses mais de 25 anos de Escola, este foi o evento que mais me gratificou e meu deu um orgulho danado de fazer parte dessa história”, conclui.
Fonte: Poli-USP