Ricardo Barbosa conta como a Escola Politécnica da USP colaborou na sua formação e na sua vida

“Este ano eu completo 25 anos na Embraer”, conta Ricardo Barbosa, engenheiro. Porém, sua história com a área começa muito antes, em 1991, quando entrou em Engenharia Mecânica na Escola Politécnica da USP (Poli).

Entrar na Poli é difícil e permanecer nela, também. São muitas provas, muitas horas de estudo e muita dedicação dentro da graduação. Ricardo veio da escola pública, não entrou de primeira, mas não desistiu do objetivo e, agora, anos após sua vivência, ajuda muitos outros que têm o mesmo sonho e tentam mantê-lo: “Eu quero retribuir pelo menos um pouco do que a Poli me deu”, é a fala de Barbosa quando sua ajuda ao Poli Retribua é abordada. 

Matéria publicada no Estadão em 1992. Ricardo é o terceiro da direita para a esquerda, com agasalho da Poli. [Imagem: Arquivo Pessoal/ Ricardo Barbosa]

“É muito difícil se manter, exige muito do estudante. Nós temos jovens que não têm opção: ou estudam ou trabalham e, muitas vezes, eles são a única fonte de renda da família. Não dá para fazer os dois com a demanda do curso. Temos as questões das cotas, que são uma iniciativa muito boa, mas elas ainda têm muito a melhorar. Por isso eu tento ajudar eles, por meio do Retribua,  a se manterem dentro da Escola. É preciso auxiliá-los com a permanência e também com materiais, como computadores, que são necessários para usufruir de uma boa vivência acadêmica. A Poli exige muito”, adiciona o engenheiro, que destaca novamente a necessidade de manter os estudantes no mundo acadêmico.

Em 1998, ele conseguiu seu diploma e já entrou em uma das maiores empresas produtoras de aviões do mundo, a Embraer. Em São José dos Campos, cidade que é polo da aeronáutica nacional, o politécnico trabalha, atualmente, como Especialista Sênior na área de Air Management Systems. “Na nossa equipe temos muitas pessoas das mais diversas engenharias. Temos engenheiros aeronáuticos, que cuidam da ‘carcaça’ do avião, da aerodinâmica, das características de qualidade de voo e desempenho das aeronaves; elétricos, responsáveis por todo o sistema elétrico, geração e distribuição de energia elétrica e iluminação ; eletrônicos, cuidando dos computadores que controlam os demais sistemas, bem como sistemas de comunicação e navegação; todos trabalhando na aeronave. Eu sou engenheiro mecânico. Para o avião funcionar, ele precisa de sistema de refrigeração e aquecimento, bem como de pressurização, de forma a criar uma ambiente habitável para a aeronave mesmo nas condições inóspitas do voo em grandes altitudes. Essa é a minha área de atuação, que inclui ainda o sistema que cuida da proteção de superfícies aerodinâmicas contra a formação de gelo. Todas essas partes e sistemas precisam se comunicar e se integrar muito bem para que o avião funcione”, explica Ricardo. A equipe conta com um grande número de politécnicos, ocupando os cargos tal como Ricardo já ocupou quando jovem.

Campanha de ensaios de operação em ambiente frio com o Embraer 170, realizada em Fairbanks e Barrow, no Alasca, em 2003. [Imagem: Arquivo Pessoal/ Ricardo Barbosa]

Todo o conteúdo aprendido dentro da Escola foi fundamental para o crescimento do profissional que Ricardo é: “Eu devo minha vida profissional à Poli”. Estudar na USP já é um diferencial e, para a área da engenharia, estar na Poli é um dos maiores destaques para a carreira nesse ramo. Com o lema “Formando líderes”, a Escola faz jus ao que afirma: “Ela te prepara em várias áreas dentro da engenharia, óbvio que você aprende muito com a vivência, no trabalho durante os anos, mas a base é muito importante para que você possa crescer”.

Barbosa ainda aborda como é preciso continuar motivando os jovens para seguir a área das engenharias como um todo: “O mercado de trabalho precisa de engenheiros bem qualificados, mas não basta ser engenheiro, é preciso atuar como engenheiro”. O que ele quer dizer é que existem vagas para engenheiros com a formação dada pela Escola, o ponto é esses egressos atuarem real e literalmente no campo da engenharia. 

“É uma pena, você passa tantos anos estudando engenharia, se dedicando ao ramo, para seguir para outra área. A Poli prepara para muita coisa, mas nós precisamos de pessoas formadas em engenharia que atuam como engenheiros, é uma perda vê-los  indo para outro campo”, pontua Ricardo.

O engenheiro ressalta: “Devo muita coisa à Poli e, todos esses anos crescendo na empresa para atingir onde estou hoje, valeu todo o esforço”.

*Imagem da Capa: Arquivo Pessoal/ Ricardo Barbosa

Conheça também a história de Gabriel Migliori Neto no link: https://politecnicos.org.br/do-ingresso-a-vitoria-no-interusp-as-memorias-da-escola-politecnica-perduram-ate-hoje/

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